Hoje sinto-me como um cú de babuino em dia de diarreia tropical.
Quero fugir daqui cedo, mesmo sabendo que cheguei tarde, e ir roubar umas 30 ou 40 mercearias, para ver se sinto o aperto do gatilho do medo na espinha dorsal.
Faz-me falta saber que, sempre que me apetecer, posso mergulhar no lodo fétido da sanita mais suja de Portugal.
Quando chegar a casa os meus cães encarregam-se de me lamber os pés cansados de chorar em silêncio no subsolo da multidão.
Os chinelos de borracha ordinária brasileira colam-se-me às solas suadas, pegajosas e mal cheirosas, que só um marido fiel não leva a mal.
Fazemos jantar em vez de amor, que para isso já está muito calor.
Depois caímos no sofá vermelho como peúgas velhas sem alma e adormecemos com o balanço suave da miséria que dá no telejornal.
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