terça-feira, março 03, 2009

c’est fini la poésie…


As paredes do quarto púrpura transformaram-se em telas vivas, vestidas de pinturas impressionistas. Acordei ao som de uma melodia floral, encaixada num canto de um salão de chá vitoriano, com segredos escondidos debaixo das saias das donzelas.

O piano soltava notas com cheiro a alfazema, que esvoaçavam no ar como folhas secas do princípio da Primavera…

Os violinos ensinavam o caminho para o paraíso suicida. Era um cenário perfeito. A última fantasia de uma virgem aprendiz de feiticeira.

Aumentei o volume, e a orquestra estava ao meu comando. A música colou-se ao momento, fiz amor com o piano e casei-me com o maestro.

Puro incesto musical. Não faz mal, a banda sonora não tem memória visual.

1 comentário:

António Maia disse...
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