quarta-feira, dezembro 24, 2008

CRESCE E DESAPARECE


Já aprendi a controlar os odores corporais
e os suores linfáticos da alma adolescente.
Hoje sou, orgulhosamente, uma espécie de vulgar cidadão.
Um exemplo digno e respeitado do utente social,
adaptado, acolchoado e comodamente enlatado
no síndroma crónico do pacote laboral.

Não me lembro bem quando é que parei de espernear,
quando é que deixei de cuspir na sopa da nação,
de vomitar as causas indigestas,
de chorar o tinto derramado
do Zé Povinho embriagado
pelo triste fado da solidão.

As revoluções são como as borbulhas.
Nascem discretamente, rebentam e depois desaparecem.
Umas deixam marcas outras não.

Brindemos aos filhos bastardos
que perderam a juventude antes do nascer do sol.
Brindemos à geraçao fora de prazo,
à pornografia infantil,
à democracia descartável.

A partir dos 18 anos o que podia mudar
fica exactamente na mesma.
O problema não és tu.
Não sou eu.
Não são eles.

Somos nós!

1 comentário:

António Maia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.