
Sapatinhos cristãos
engraxados pela fé de domingo.
Sonham1 com pezinhos de algodão,
fogem soltos das velhas loucas do bingo2.
Com salto de agulha em ponta-e-mola3
fazem picotado no passeio de papel.
Puxam brilho ao verniz
e esquecem-se da sola
que, roída pela inveja4 do caminho,
deixa espreitar a vergonha5,
vestida de meia branca de puro linho.
O povo de deus6 bebe o sangue
E come o corpo.
É este amor canibal
que nos mata7 devagarinho.
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