sexta-feira, fevereiro 10, 2006

DIÁRIO DE UMA ESTÚPIDA

O meu disco rígido está a perder qualidades.
De há uma semana para cá reparo que estou um bocadinho mais estúpida. De raciocínio mais lento e com falta de perspicácia no descortinar de situações relativamente simples. Enquanto os que me rodeiam têm uma percepção quase imediata de um cenário qualquer, eu demoro quase sempre uns segundos a mais para conseguir ter a mesma leitura, isto quando ninguém se lembra de desvendar a mensagem antes de eu a conseguir assimilar em condições. O que me torna ainda mais estúpida, porque não chego a concluir o meu raciocínio, adicionando mais um quê de frustração e incompetência mental à minha máquina pensadora, por não ter sido capaz de chegar ao ponto de interesse como toda a gente.
Depois de um episódio destes suceder, a minha frágil e definhada cabecinha entra numa espiral sem freio em direcção ao vazio. Entretanto fica uma pergunta a latejar-me nas fontes empobrecidas: Será que é a malta que está a ficar mais esperta e espevitada, ou sou mesmo eu que estou a ficar mais estúpida estúpida estúpida estúpida estúpida estúpida?...
É esta a dolorosa realidade que me tem estado a consumir a auto-estima, a devorar o que resta da minha dignidade humana, a sorver alarvemente as minhas últimas migalhas de amor próprio. Hoje sou um trapo azedo e bulorento com o nome bordado em ponto da cruz que carrego. Não sou mais que um farrapo de carne podre e nauseabundica que ninguém quer provar. Sou vítima chorosa da minha própria estupidez, e isso doi muito.
Por isso decidi sacudir energicamente a cabeça e levantar os braços contra o pesado rumo desta tragédia. Tenho que contrariar esta maré negra custe o que custar. Vou auto impor-me uma nova organização dos dias e das ideias. Mais actualizada e regenerada. Há que desfragmentar o disco e olear a máquina. Só assim é que tomarei de vez as rédeas da lógica torcida deste meu destino.
E para começar vou já aprender a ler.

1 comentário:

António Maia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.